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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Morangos Silvestres - Um filme de Ingmar Bergman


Filme do premiado diretor sueco Ingmar Bergman (1918–2007), Morangos Silvestres Smultronstället, 1957) é um dos mais aclamados filmes da história do cinema. No elenco principal Bergman trabalha com Victor Sjöström no papel do Professor Isak Borg, Bibi Andersson como Sara e Ingrid Thulin (Marianne Borg). O filme aborda a complexidade da existência humana – uma marca nas obras de Bergman – com implicações diretas em suas escolhas. O diretor, a princípio, nos conduz a um mar de reflexões sobre as nossas escolhas e de como tais escolhas agem diretamente sobre nós e sobre os outros. De impactante perspicácia e riqueza de detalhe, Bergman, mais uma vez, mergulha nas profundezas da alma humana com grande maestria. O filme conta a trajetória do professor de medicina Isak Borg, 78 anos, que devido aos serviços prestados nos seus 50 longos anos de carreira é convidado pela Universidade de Lund, para presenteá-lo com o grau honorário. A caminho de Estocolmo em companhia de sua nora Marianne ele passa a fazer uma espécie de retrospecto de sua própria existência,
a partir dos diálogos entre ambos e dos diversos acontecimentos que marcam todo o trajeto. No caminho encontram um grupo de jovens (Sara, que tenta viver as paixões da juventude de uma maneira intensa, Anders (Folke Sundquist) ver no ideal cristão a busca para suas respostas e Victor (Björn Bjelfvenstam), diferentemente, é incrédulo e oferecem-lhes uma carona até a Itália. Os dois rapazes – Victor e Anders – durante todo o trajeto travam discussões bastante calorosas no campo da Teologia e da Ciência. Bergman, ver, aqui, a oportunidade de incluir a tensão existente entre fé (Anders) e  razão (Victor). E em um dos momentos desses confrontos Victor, o racionalista, dirigiu-se a Anders, o religioso, dizendo: “Como um homem moderno pode ser pastor? [...] Acho que o homem moderno... acredita em si mesmo e na morte biológica. E o resto é bobagem. [...] Religião para o povo é ópio para aliviar a dor.” Essa tensão criada entre esse dois personagens parece ser uma sutil tentativa de Bergman em revelar a dicotomia existente no âmago solitário de cada Indivíduo. O filme, também, é repleto de momentos sombrios e dolorosos nas cenas em que o professor está sonhado. Isak Borg vive momentos de grandes frustrações em que aspectos do seu inconsciente afloram revelando sua verdadeira identidade escondida pela imagem por ele criada de "grande amigo da humanidade". “Dormi, mas fui atormentado por sonhos e imagens..., diz Isak Borg, que me pareciam tangíveis e humilhantes. Havia algo muito forte nestas imagens... que penetrou em minha mente... com muita determinação.” O medo da morte, as relações familiares, o trabalho e a existência confluem para um único ponto,
aqui, do aspecto introspectivo de Isak Borg: a angústia. Outros aspectos, também, são tratados por Bergman como, por exemplo, ética, ciência, relação entre pai e filho - vivido, aqui, por Gunnar Björnstrand (Evald Borg)- infidelidade e perdão. Bergman, no fim das contas, parece dizer que de nada vale ter prestigio, reconhecimento popular, fama, conhecimento intelectual se não possuo a capacidade de amar e perdoar. Não há idade para o exercício do perdão. Nunca é tarde para perdoar. Pense nisso. Tenha um bom filme.

Veja, também:
Ingmar Bergman (1918-2007)
Crise (1946)
Porto (1948)
Sede de Paixões (1949)
Rumo à Felicidade (1950)
Juventude (1951)
Quando as Mulheres Esperam (1952)
Monika e o Desejo (1953)
Noites de Circo (1953)
Sorrisos de Uma Noite de Amor (1955)
O Sétimo Selo (1956)
A Fonte da Donzela (1959)
O Olho do Diabo (1960)
Através de Um Espelho (1961)
Luz de Inverno (1962)
O Silêncio (1963)
Persona (1966)
A Hora do Lobo (1968)
Vergonha (1968)

       Morangos Silvestres (1957) - Trailer Oficial                       
                        

8 comentários:

  1. TExto maravilhoso! Sou amante desse filme e do cinema de BErgman, q trata muito bem essas reminiscencias humanas. Abração

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  2. Valeu, Celo. Sua visita, aqui, é sempre um prazer. Um abraço

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  3. Um dos melhores filmes de Ingmar Bergman, ouso dizer, um dos melhores filmes de todos os tempos. O seu blog foi um verdadeiro achado!

    Aliás, pelo fato de ter mencionado este filme quero aproveitar para lhe indicar outro (o qual serviu de inspiração para Ingmar ao produzir este) Chama-se a carruagem fantasma, no qual Victor Sjöström dirige e atua. Acho que vai gostar! Aproveito também para lhe deixar este link, caso se interesse pelo enredo da obra.
    http://allclassics.blogspot.com/2011/12/korkarlen-carruagem-fantasma.html

    Até breve!

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  4. Olá, Rubi. Muito grato por suas palavras. Este filme, "A Carruagem Fantasma", eu não conhecia. Obrigado pela dica. Vou conferir o link, sim. Um abraço.

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  5. Maxwell, agora que estou lendo esse post. Esse é um dos melhores filmes de todos os tempos, sem dúvida. Uma obra-prima que só mesmo um gênio como Bergman poderia conceber. Parabéns pelo texto.

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  6. Olá, Fábio. Obrigado pelas palavras. Fico feliz que tenhas gostado. Esse é um dos mais belos de Bergman. Gosto muito dele, também. Um abraço...

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