O termo latino Sapere Aude - Ouse Saber - traduz a essência de todo conteúdo deste blogger. Nosso desejo, aqui, é ajudá-lo a mergulhar em ideias que produzam um bem estar de prazer nesse imensurável mar de conhecimento. Logo, contribuiremos da melhor maneira possível para que indivíduos sejam “libertados das suas cadeias e curados da sua ignorância” – como imaginava Sócrates. Portanto, saia da caverna, AGORA, e aproveite o máximo que puder. Um abraço...

FlashVortex.com

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Platão e O Mágico de Oz




  

Platão (428-384 a.C.)
Ao lermos a República de Platão percebemos a analogia existente entre a sua filosofia e o filme, O Mágico de Oz. É importante frisar, aqui, alguns detalhes que revelam bem essa relação. Em primeiro lugar, Dorothy imagina um mundo desprovido de dor e de sofrimento onde a felicidade tivesse ao alcance de todos. Platão (428-347 a.C.), filósofo grego, fala de uma Cidade Ideal onde as leis, a justiça, as virtudes, a moral, a ética e a razão atuassem como um conjunto de meios na busca pela felicidade. Em segundo lugar, o translado de Dorothy até a Cidade das Esmeraldas é semelhante a abstração filosófica no que diz respeito a acesse que a alma faz em rumo a contemplação do Ser ou desprendimento da alma com o corpo. Para Platão isto é uma espécie de libertação. Em terceiro lugar, a representação da alma racional na figura de Dorothy que se torna a líder sobre os outros componentes da história (o espantalho, o homem de lata e o leão). É a alma racional que, segundo Platão, deve ser aquela capaz de governar sobre as demais partes da alma. Para o filósofo cabe esta dominar a alma concupiscente por intermédio da temperança. No entanto, a alma racional não age diretamente sobre a alma concupiscente. Aquela precisa, em primeiro plano, ter o domínio da alma irascível que atua de forma preponderante sobre a alma concupiscente. O domínio da alma racional sobre a alma irascível possibilitará total controle sobre os seus impulsos, de maneira que saberá escolher o que pode ser de caráter bom ou mau para o seu corpo, expandindo sua atuação sobre a alma concupiscente, orientando-a na melhor escolha para sua vida. Portanto, o alcance para uma vida justa e feliz está no total domínio da razão sobre as demais partes que compõe a alma, ou seja, não se inclinando as paixões e desejos que a estas implicam, ao contrário, dominando-as sob a égide da razão. E é essa
 função que Dorothy, a alma racional, desenvolve ao longo do filme como norteadora dos outros personagens. Ela é, também, responsável por fazer valer a ideia de que as virtudes existem dentre de cada um de nós. É uma espécie de maiêutica socrática. Sócrates, mestre de Platão, acreditava que por meio do diálogo as verdades existente em cada um de nós poderiam ser exteriorizadas e bem conduzidas para o saudável desenvolvimento da filosofia. E, por fim, o paralelo entre a Cidade das Esmeraldas, local em que reside o Mágico de Oz, e o Kansas, local de onde vem Dorothy, é semelhante aos dois mundos de Platão, a saber: o mundo sensível e o mundo inteligível. O mundo sensível se revela como um grande engodo à razão. Este é o mundo da aparência que conduz o indivíduo ao conhecimento fragmentado da verdadeira essência do ser. O exercício do verdadeiro conhecimento fica, então, velado. Toda a informação apreendida vem carregada de sutilezas que desvia a alma para a impossibilidade de apreender a essências das coisas. Logo, envolto nesta dimensão do sensível, o homem comum se torna vulnerável as suas influências. Pois, o que se apresenta enquanto possibilidade em direção ao conhecimento seguro, não é nada mais do que ilusão, cópia e fragmentação das essências do mundo inteligível da qual tendem a uma essência maior - o Bem. Em outro plano está o mundo inteligível. Nele reina a presença perene e imutável do conhecimento puro, ou seja, de um saber desprovido de qualquer influência proveniente do mundo sensível. Este saber puro só pode ser alcançado pela via da razão que é o caminho mais seguro à obtenção das verdades eternas, cuja morada encontra-se na realidade supra-sensível. O seu objeto é o Ser, invisível, eterno, imutável, não-hipotético etc. Portanto, mais que um filme, O Mágico de Oz é uma verdadeira e boa aula de filosofia. Um abraço e até logo...

4 comentários:

  1. Um dos posts mais interessantes que já vi a respeito do clássico Mágico de Oz. Eu particularmente não sabia da analogia existente entre uma obra e outra. Vivendo e aprendendo!

    ResponderExcluir
  2. Olá, Rubi. Obrigado pelas palavras. Fico feliz que tenhas gostado. Eu vi esse filme pela 1º vez quando criança. E foi no curso de filosofia (UFPB)que lendo os textos de Platão e percebi algo de muito similar nestas duas obras. E vi, aqui, a oportunidade de compartilhar isso como vocês. Um abraço e até a próxima, Rubi.

    ResponderExcluir

  3. maravilhoso tem muitas entrelinhas nesse filme dar para trabalhar muitos aspectos

    ResponderExcluir
  4. Olá, Valdeci Silva. Seja bem-vindo, aqui, ao nosso espaço. Realmente há muitos elementos importantes e dignos de serem avaliados. Um abraço.

    ResponderExcluir

Fugitivos da caverna comentam, aqui: