O termo latino Sapere Aude - Ouse Saber - traduz a essência de todo conteúdo deste blogger. Nosso desejo, aqui, é ajudá-lo a mergulhar em ideias que produzam um bem estar de prazer nesse imensurável mar de conhecimento. Logo, contribuiremos da melhor maneira possível para que indivíduos sejam “libertados das suas cadeias e curados da sua ignorância” – como imaginava Sócrates. Portanto, saia da caverna, AGORA, e aproveite o máximo que puder. Um abraço...

FlashVortex.com

sábado, 6 de agosto de 2011

Dúvida - Um filme de John Patrick Shanley


“... a dúvida pode ser um elo tão forte 
e duradouro quanto a certeza ...”
Pe. Flynn

ADúvida” (2009), o filme, do diretor John Patrick Shanley, traz no elenco principal: Meryl Streep no papel da irmã Aloysius Beauvier, Philip Seymour Hoffman como o padre Flynn, Amy Adams no papel da irmã James, Viola Davis (sra. Miller) e, por fim, Joseph Foster como o jovem aluno Donald Miller. O filme tem como cenário a escola paroquial St. Nicholas, no Bronx, no ano de
1964. A escola é dirigida pela madre superior e diretora Aloysius Beauvier (Meryl Streep) que a todo custo procura conservar as normas dogmáticas, radicais e fundamentalistas de uma moral religiosa em processo de decadência. O respeito que ela impõe aos alunos e as irmãs são logrados pela via do medo. A sua frieza
no trato e nas relações humanas são manifestas na atitude insípida de quem está acostumada a olhar de cima a baixo. A educação por ela ministrada beira as regras morais desprovidas de amor, ao menos que entendamos o amor como respeito às ordens legais. Em contrapartida temos, aqui, a figura do carismático padre Flynn que se aproveita de sua posição como um dos líderes da Igreja para desenvolver uma aproximação maior para com os adolescentes desta escola. Essa aproximação por demais estreita ao jovem Donald Miller (Joseph Foster) desperta a curiosidade da irmã James (Amy Adams), professora desta instituição, para uma suposta prática de assédio sexual entre o padre e o jovem. E, logo, chega por via dela aos ouvidos da madre superior. E é neste contexto que a trama ocorre. O contraste entre a natureza da madre superior e o padre é
gritante: enquanto ela é ousada, explosiva, autoritária, fria e implacável ele, por sua vez, é calmo, tolerante, paciente e persuasivo. Essa tensão de temperamentos leva-nos emocionalmente, em virtude da simpatia que o padre demonstra ter, a ficarmos por quase sempre do seu lado; mesmo sabendo que suas atitudes são suspeitas. Aquela famosa cara de “bonzinho” e “gente boa” são artimanhas bem usadas pelo padre para convencer as pessoas a acreditarem nele. A madre já não tem tanta aprovação no geral, no quesito carisma, e, portanto, ver na moral religiosa uma ferramenta para deter o perigo, ou seja, a pedofilia. Ambos possuem o poder ao seu modo. Ela governa pelo medo – tirania – e ele pela corrupção voluntária de seus atos mal intencionados. Ela um misto de moral e virtude e ele, por sua vez, de simpatia e tolerância. A madre não satisfeita, apenas, com o que
"Que tipo de mãe é a senhora?"
já sabe a respeito do padre, marca um encontro com a mãe de Donald para saber o que está acontecendo com o seu filho. E disposta a ir até as últimas conseqüências, só não estava preparada para o que haveria de ouvir da sra. Miller ao exigir que tivesse mais cuidado com o seu filho, pois o mesmo poderia está sofrendo assédio do padre. Eis, então, as palavras da mãe de Donald: “... mas não quero me meter nisso. (...) Deixe assim. (...) Bem, talvez alguns meninos também o queiram! (...)”. E na defesa do seu filho ela conclui dizendo: “Não pode fazê-lo responsável pelo que Deus quis que ele fosse.” E é, portanto, diante deste quadro, a madre, Aloysius Beauvier, alimenta a certeza que algo de muito errado está acontecendo. No entanto, as carências de provas só aumentavam e, por outro lado, a dúvida de não poder prová-las eram uma constante tensão. Este filme nos conduz a um mar de reflexão de que nem sempre o rígido, o feio e o grotesco
"Farei o que for preciso!"
fazendo alusão, aqui, ao temperamento comportamental da madre superior, deva ser hostilizado por não compor, hoje, aquilo que acreditamos ser o mais saudável nas relações educacionais no convívio em sociedade. E, ao mesmo tempo, nos alerta para o cuidado com o carismático mal intencionado que se mostra tão bom, que é capaz de não levantar nenhuma suspeita a qual seja capaz de denegrir a sua falsa conduta moral. Outro ponto: é a sutileza de como é tratada a homoafetividade aparentemente correspondida entre o padre Flynn e o estudante Donald. Vale lembrar, também, o sofrimento do jovem garoto que sendo negro e vítima de preconceito, ainda, tinha que apanhar do pai por causa de sua sexualidade. Assim, o medo, a intolerância, a covardia, o poder, a ignorância, a submissão, a religiosidade, o tradicionalismo, a sexualidade e, principalmente, a DÚVIDA compõem a embalagem que recobre a nossa consciência e que, portanto, nos impede de pensar, de ver e de buscar a VERDADE.
Tenha um bom filme. Até logo...

Dúvida (2009)- trailer Oficial

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Fugitivos da caverna comentam, aqui: