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sábado, 19 de maio de 2012

Juventude - Um filme de Ingmar Bergman



Juventude (Sommarlek, 1951), do diretor sueco Ingmar Bergman, trás em em seu elenco principal:  Maj-Britt Nilsson como Marie e Biger Malmsten (Henrik). O filme começa com a chegada de um estranho pacote endereçada a Sra. Marie, uma jovem de 28 anos, bailarina que se preparava para o ensaio geral de "O Lago do Cisne". No pacote havia um diário cujo conteúdo estava toda a sua história vivida ao lado de uma antiga paixão - Henrik. A surpresa a deixou, por instante, paralisada. As palavras e as imagens que vinham em sua mente, em virtude do 
diário, fucionavam como um turbilhão indizível de emoções. Passado o choque, Marie retoma o ensaio até o instante em que problemas técnicos a impede que continue. Marie retornar ao camarim e passa a refletir cada vez mais a respeito de sua vida ao lado de Henrik. Ao término do ensaio ela se encontra com David Nyström (Alf Kjellin), editor do programa do jornal "O Ano Inteiro". Ambos vivem juntos uma relação amorosa sem tanto compromisso, senão por prazer. O encontro não demorou muito. A sua volta à casa não seguia o mesmo rumo de David. E é a partir daí que Marie, ao chegar na casa em passou boa parte de sua adolescência, começa a lembrar de toda sua história ao lado de Henrik.
Tudo começou há 13 anos durante o espetáculo de primavera da escola de balé. Época em que se conheceram. E foi, justamente, em uma balsa que a transportava a sua casa, em Blakrakan, que Henrik teve, então, a iniciativa de se apresentar. Apaixonado pela bela Marie, ele diz: "Eu ia dizer... que a senhorita é a coisa mais linda que já vi em minha vida. Pronto". Bergman, o diretor, trata, aqui, de um amor permeado pela simplicidade pueril de dois jovens. Um amor baseado na doçura e na idealização. Um amor que vai além do sensível. Sem apelação e, apenas, com uma linguagem poética, Bergman explora essa ideia que aos poucos se funda no jovem casal. E é por meio de flashback que o diretor retoma sempre as lembrança de Marie recheadas de descrições idílicas de passeios no barco, de banhos de mar e belos instante de intimidade. No entanto, esse amor é, por um momento, ameaçado com a chegada de Erland (Georg Funkquit), tio de Marie. Henrik movido por ciúmes resolve partir após haver presenciado o assédio de Erland. Marie vai a sua busca e, logo, o convence de que não há nada para se preocupar. Juntos, mais uma vez, partem em um bar-
co e a sós permanecem por um longo período. Henrik como sempre, apaixonado, não cessa de demonstrar todo o seu afeto por Marie. "Marie..., diz Henrik, Eu gosto de você, estou apaixonado por você e todo mais... você sabe". Em seguida, retornam a casa de Marie e em seu quarto, como já era de se esperar, vivem intensamente a fusão da paixão entre os corpos em um mar de emoções juvenis. Essas e outras lembranças povoavam a cada minuto os seus pensamentos femininos. No entanto, as coisas parece mudar em um dado momento quando Henrik passa a reclamar por mais atenção. Imagina que ela esteja mais preocupada com o balé do que com ele mesmo e, logo, se põe a discutir. Irritado ela o manda embora e, em seguida, arrependida vai, novamente, ao seu encontro afim de buscar um reconciliação. Já em seu braços e, mais uma vez, esclarecido o mal entendido, eles passam uma noite juntos em meios ao arroubos da juventude. No dia seguinte após viverem momentos de tamanha alegria, Henrik resolve mergulhar e sofre um grave acidente. Levado, às pressas, ao hospital ele não resiste e morre. A morte dele trouxe um vazio e uma angustia sem precedência ao coração de Marie. E na presença do tio que esteve ao seu lado desde a morte de Henrik, já em casa, ela diz: "Todos estão vi-
vos. Eles andam pelas ruas. (...) Henrik está deitado lá fora, começando a apodrecer (...) Nada tem sentido? (...) Não acredito que Deus exista. E se ele existe, eu o odeio. E nunca vou deixá-lo de odiá-lo. Se ele ficasse do meu lado, eu cuspiria em seu rosto. Eu vou odiá-lo enquanto eu viver". A sensação de inoperância, em nada poder fazer para restituir a vida do seu amado, é o princípio motor que move toda a ira de Marie para com Deus. Bergman, o diretor, sutilmen-
te levanta uma questão, aqui, de base paradoxal. Pensar em um Deus de amor que permita o desamor nesta existência, ou seja, a finitude da felicidade de Marie com a morte de Henrik é no mínimo incompreensível. Em um outro estágio, o filme retornar para início de tudo em meios as fortes lembranças que, ainda, persistem nas memórias de Marie. Pronta para mais um espetáculo, Marie recebe a visita de David, jornalista e seu atual amante. Indisposta com tudo resolve não mais prosseguir ao lado do jovem jornalista. E ao mandá-lo embora chamá-o de Henrik. Estupefato, pelo que acaba de ouvir, ele passa a interrogá-la o porquê da confusão.
Ela, abruptamente, o entrega o diário - fruto de toda essa tensão e diz: "Por favor, vá agora. Vou lhe dar algo para ler na cama. Leia este livro para amanhã. Então, iremos conversar de verdade, pela primeira vez". No dia seguinte ao término do espetáculo David lá estava. Seu semblante, olhar, postura e arroubos manifestavam um sentimento de leveza e paixão para com Marie. A leitura do diário, prodigiosamente, cambiou o coração de David passando a vê-la com outros olhos. Os olhos do coração. Juventude é um filme belíssimo. Um exaltação ao amor e a esperança. Bergman com grande leveza destaca esses elementos que compõe todo um conjunto de ideias que persegue os enamorados. Um filme para vê e rever. Espero que tenham gostado. Um abraço e até a próxima.


Veja, também:
Ingmar Bergman (1918-2007)
Crise (1946)
Porto (1948)
Sede de Paixões (1949)
Rumo à Felicidade (1950)
Quando as Mulheres Esperam (1952)
Monika e o Desejo (1953)
Noites de Circo (1953)
Sorrisos de Uma Noite de Amor (1955)
O Sétimo Selo (1956)
Morangos Silvestres (1957)
A Fonte da Donzela (1959)
O Olho do Diabo (1960)
Através de Um Espelho (1961)
Luz de Inverno (1962)
O Silêncio (1963)
Persona (1966)
A Hora do Lobo (1968)
Vergonha (1968)

Juventude (1951) - Trailer

6 comentários:

  1. Olá, estou seguindo;
    adorei esse post, sou fã de filmes antigos, lindo de tudo aqui...
    Que maravilha!
    Beijão, da Mery*

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  2. Que filme lindo!!uma história de vida.
    onde posso encontrá-lo?
    Luz
    Ana

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  3. Um filme adorável. Ninguém imaginava nessa época que Bergman dirigiria depois filmes tão amargos. Mas nem por isso menos maravilhosos.

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  4. Olá, Mery. Obrigado por sua visita. Obrigado por sua palavras. Um abraço...
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    Oi, Ana realmente é muito lindo, mesmo. Que bom que tenhas gostado.
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    Concordo com você, Gilberto. Bergman sabe com transcorrer por este universo entre a alegria e a dor. Um abraço...

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  5. Quando eu penso que já vi os melhores filmes do Bergman você me aparece com esse? Me lembro que comecei a assistir há muito tempo mas não consegui terminar. E acredite, havia me esquecido dele. No entanto, logo que li o texto resolvi dar uma olhada nos vídeos pra relembrar. Mais uma obra prima do meu querido Bergman.

    Sua sequência de filmes do Bergman está incrível.

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  6. Oi,Rubi. É, realmente, um grande filme. Eis, então, a oportunidade que você tem para vê-lo. Um abraço...

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