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sábado, 16 de junho de 2012

Porto - Um filme de Ingmar Bergman



Direção de Ingmar Bergman, o filme, Porto (Hamnstad, Suécia, 1948), trás em seu elenco principal: Nine-Christine Jönsson como Berit Irene Holms, Bengt Eklund no papel de Gösta Andersson e Mimi Nelson (Gertrud Grunbach). O filme conta a história de uma jovem, Berit Holm, que vive uma vida atormentada por problemas de ordem familiar. O filme, Porto, começa com a tentativa de suicídio da jovem Berit que, abruptamente, se lança ao mar e, em seguida, é resgatada por um marinheiro do porto. Gösta, um dos marinheiros que trabalha no porto de Gotemburgo, apenas observa o resgate e a chegada da ambulância que a transfere para o hospital. Mas é, justamente, em uma festa que Berit e Gösta se conhecem. Diferentemente da maiorias das jovens de sua idade em uma época rotulada por fortes valores morais, Berit o leva para sua casa aproveitando a ausência dos seus pais. No dia seguinte, pela manhã, com a chegada de sua mãe, a Sra. Holms (Berta Hall), e a suspeita de que esteve com alguém em casa, se inicia uma discussão e, logo, ameaça denunciá-la A Secretária do Bem Estar da Juventude, um reformatório do Estado responsável por tratar de jovens considerados subversivos, dizendo: "Sabe que tenho de ligar para a Srta. Villander e lhe denunciar. (...) Eu devia saber que não podia confiar em você". A discussão, entre mãe e filha, chega ao extremo ao ponto de se agredirem aumentando ainda mais o ódio. No dia seguinte em seu trabalho, como operária em uma fábrica, recebe a visita da Srta. Villander (Birgitta Valberg), assistente social, responsável pelo internamento de jovens acusadas de atividades subversivas, para que explique o motivo da preocupação de sua mãe. Com medo de retornar para o reformatório, Berit desabafa: "Morar com a minha mãe é pior do que o reformatório. (...) Não quero ficar aqui! Quero me livrar de vocês! Quero ser livre! Ninguém entende o quanto quero ser eu mesma e ficar em paz!" Ao retorna a sua casa, Berit entra em um novo conflito com sua mãe e, logo, passa a rememorar lembranças traumáticas da sua infância e das discussões entre seus pais. Um novo encontro com Gösta acontece, agora, no cinema e, depois, em um quarto de hotel onde comemoram o aniversário de Berit. A sós ela resolve revelar toda a sua vida a Gösta, com receio que ele descobrisse por meio de outras pessoas. Desde o seu primeiro relacionamento com um estranho, Tomas (Stig Olin), que ela conheceu e morou por um tempo, antes de ser denunciada pela mãe. Os primeiros 14 meses no reformatório, local em que conheceu Gertrud, aquela que viria ser sua amiga, até o seu retorno passando, agora, por  um período de 2 anos. O seu envolvimento relâmpago, ao sair do reformatório, com jovem Gunnar (Bengt Blomgren). No entanto, essa paixão durou pouco tempo em virtude da intervenção dos pais do rapaz que o proibia que se relacionasse com uma ex-interna. Esse fato foi o estompim que a levou a tentativa de suicídio ao se lançar nas águas do porto. Após a revelação, de toda a sua vida, não restava outra coisa, senão esperar se Gösta continuaria a amá-la. E é em meio a todo esses problemas, Berit vai à casa da Sra. Krona (Sif Ruud) ter com sua amiga, Gertrud, que acaba de receber uma injeção para provocar um aborto. Não podendo Gertrud retorna a sua casa, Berit a conduz ao quarto do seu namorado Gösta. A situação de Gertrud fica insustentável. Com muitas dores e fortes complicações, Berit pede a Gösta que chame uma ambulância para resgatá-la. E mesmo com todo o auxílio prestado pelo hospital, Gertrud não suporta e morre. A morte de Gertrud só complicou ainda mais a vida de Berit. Levada a depor e correndo o sério risco de ser presa, não lhe restou outra alternativa a não ser dizer quem foi o responsável direto pela prática ilegal do procedimento abortivo. Após todo esse emaranhado de dor ela reencontra Gösta que, em meio ao sofrimento, a convida para fugir. No entanto, no último instante, eles resolvem não mais partirem e tentarem juntos encarar todo o problema de frente. E movido por ímpeto de paixão e amor,Gösta olhando bem nos olhos de Berit diz: "Vamos ficar. Sinto isso dentro de mim. Vamos ficar aqui. (...) Pessoas como nós não devem desistir. Não iremos desistir!" O filme, Porto, de Bergman ainda que antigo é um filme bastante atual. A história, em particular, de Berit revela bem isso, a saber: os conflitos entre pais e filhos no caso, aqui, para ser mais preciso, entre mãe e filha (Sra. Holms e Berit Holms), as ideias da jovem Berit bem além do seu tempo, os traumas infantis decorrente de uma má formação educacional sem a presença do afeto, os vários relacionamentos vividos por ela, suas entradas no reformatório, as desilusões amorosas e a tentativa de suicídio, as suas amizades, o aborto de sua amiga Gertrud e a paixão arrebatadora por Gösta. É neste contexto que Bergman imprime a sua marca. Polêmico e crítico da sociedade contemporânea aborda as questões sociais e o poder do Estado sobre os Indivíduos,  revela a precariedade dos reformatórios e trata de um tema, ainda, hoje tão perturbador: o aborto. Mas, ainda, resta tempo, também, para o amor entre Berit e Gösta. Um dos pontos centrais deste filme. Espero que gostem. A todos um forte abraço...


Veja, também:
Ingmar Bergman (1918-2007)
Crise (1946)
Sede de Paixões (1949)
Rumo à Felicidade (1950)
Juventude (1951)
Noites de Circo (1953)
Monika e o Desejo (1953)
Sorrisos de Uma Noite de Amor (1955)
O Sétimo Selo (1956)
Morgangos Silvestres (1957)
A Fonte da Donzela (1959)
O Olho do Diabo (1960)
Através de Um Espelho (1961)
Luz de Inverno (1962)
O Silêncio (1963)
Persona (1966)
A Hora do Lobo (1968)
Vergonha (1968)

Porto (1948)

6 comentários:

  1. Tema forte e comovente, sua bela narrativa do filme chega a emocionar, desperta um curiosidade de ver o filme agora!Muito bom amigo, especialmente para mim que não conheço.
    Uma linda semana de Luz!
    Beijo
    Ana

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  2. Esse eu assisti, mas um grande filme de Bergman. Dificil ver algo que não seja relevante na filmografia desse diretor. Inveja boa dessa sua imersão na filmografia desse grande realizador. Abração.

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  3. Preciso conhecer a mais esse clássico de Bergman. O Centro Cultural Banco do Brasil está fazendo uma retrospectiva de toda a sua carreira. Seria uma ótima oportunidade...

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  4. Olá, Ana. Fico feliz que esteja contribuindo com o seu entendimento. Você é, sempre, bem-vinda aqui. No mais um forte abraço, também.
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    Olá, Celo. Muito obrigado, mesmo, pelas palavras. Fico feliz com a sua presença,aqui. Um abraço, irmão.
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    Oi, Gilberto. Seria, ótimo, se tivéssemos uma coisa dessa aqui. Então, amigo, aproveite. Isso é um privilegio para poucos. Um abraço...

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  5. Maxwell querido, primeiramente, muito obrigada pelo comentário no meu blog. Nossa, fiquei de riso largo no rosto lendo suas palavras... Nosso contato só é através do blog, mas mesmo assim tenho carinho por ti sem nunca ter visto você, já dizia Exupéry que o "essencial é invisível aos olhos" e a cada dia isso se torna uma verdade na minha vida. Agradeço carinhosamente cada palavra!
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    Bom, percebi que você tem postado muitos filme do Ingmar Berman não o conhecia, confesso, mas com suas postagens me despertou o interesse em saber mais a respeito. O pouco que li gostei bastante, os filmes são bem marcantes e também de muita sensibilidade.

    Um fim de semana iluminado.

    Namastê.

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  6. Olá, Rô. É sempre um prazer vê-la, aqui. Agradeço de coração as suas palavras e fico feliz em saber que esta Sessão e outra tem despertado o seu interesse. Um abraço e até a próxima, Rô.

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