O termo latino Sapere Aude - Ouse Saber - traduz a essência de todo conteúdo deste blogger. Nosso desejo, aqui, é ajudá-lo a mergulhar em ideias que produzam um bem estar de prazer nesse imensurável mar de conhecimento. Logo, contribuiremos da melhor maneira possível para que indivíduos sejam “libertados das suas cadeias e curados da sua ignorância” – como imaginava Sócrates. Portanto, saia da caverna, AGORA, e aproveite o máximo que puder. Um abraço...

FlashVortex.com

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Descartes - Um filme de Roberto Rossellini

"Sou um filósofo.
Amo a sabedoria".

Descartes (Cartesius, 1974), o filme do diretor Roberto Rossellini, trás em seu elenco principal: Ugo Cardea como Descartes, Anne Pouchie (Elezac) e Charles Borromel (Abate Marin Mersenne). O filme conta a história do filósofo e matemático René Descartes (1596-1650) e a sua contribuição nas diversas áreas do conhecimento humano. O filme começa com uma exposição de uma aula no conceituado Colégio La Flèche, a respeito das descobertas de Galileu Galilei (1564-1642) – físico, astrônomo e matemático – que defendia a idéia de que o Sol é o centro do universo. É nesta escola que René Descartes desenvolverá todo o seu potencial para tais ciências obtendo, já desde bem cedo, uma admiração por seus superiores. Ao término dos estudos Descartes vai a Paris e se hospedada na casa de um grande amigo de seu pai – Sr. Levasseur d’Estioles. Em seguida recebe um convite do padre Mersenne, um antigo aluno do Colégio La Flèche, para o Convento dos Mínimos sob a recomendação do Pe. François, da companhia de Jesus. Ao chegar se depara com uma exposição do sacerdote a respeito da verdade e de sua valoração acentuada pelo filósofo grego Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.). E como não poderia deixar de ser diante da exposição, Descartes, já de inicio demonstra a sua ousadia diante dos estudiosos dizendo:
Mas, reverendo padre, na busca pela verdade Platão diz uma coisa, Aristóteles outra e Epicuro outra ainda. (...) As sumas dos filósofos escolásticos fundadas nas doutrinas de Aristóteles só parecem construções perfeitas que conduzem à verdade quando são estudadas dentro das paredes de uma biblioteca ou de um colégio, mas parecem bastante distante delas quando confrontadas com os milhares de fenômenos que formam a realidade de nosso mundo. ” Ainda em Paris, o filósofo, conhece os Srs. Balzac, (Claude Berthy) Saumaise e o poeta Théophile de Viau. Passados alguns dias, Descartes resolve ir à Holanda onde conhece o matemático Isaac Beeckman (Kenneth Belton
) e, em seguida, alista-se ao exército de Maurício de Nassau a fim de conhecer outros mundos. Na Holanda o filósofo conhece outros intelectuais que ficaram seduzidos por seu invejável entendimento das ciências. Dinamarca, Alemanha e Itália, também, foram países pelos quais ele resolveu se fixar por algum tempo. Ao retorna a París, depois de três anos fora, se depara com uma manifestação de intolerância por parte da Igreja que acusava o poeta Théophile de Viau de blasfêmia e apostasia, condenando e queimando os seus livros em praça pública. Recolhido em seus aposentos, Descartes, passou a escrever as reflexões que o envolviam. Mais uma vez convidado pelo Pe. Merszenne para participar de uma calorosa discussão entre intelectuais, o filósofo expõe, assim, suas ideias acerca de sua mais famosa obra – O Discurso do Método. Eis conteúdo
de sua fala: “Primeira regra: o propósito dos estudos deve guiar a mente para juízos seguros e verdadeiros sobre tudo aquilo que a ela se apresenta. (...) A segunda regra: devemos tratar apenas dos objetos cujo conhecimento certo e seguro nos pareça possível de alcançar por meio da inteligência. (...) Terceira Regra: não devemos nos dedicar a estudar as opiniões e conjecturas dos outros ou as nossas próprias mas tentar intuir, com a clareza da evidência o conteúdo real das coisas. (...) Destas regras, decorrem todas as outras e sobretudo, a 4ª , que deduzo das precedentes para a busca da verdade é necessário um método”. Após a sua brilhante participação segue seus estudos longe de Paris, agora, em Deventer, onde é convidado pelo Sr. Regnier a discursar sobre seus estudos que há tempo vem se dedicando. Vivendo na Holanda, recebe a notícia de que correrá sério risco de ser preso e condenado pela Igreja caso venha publicar seus escritos. No entanto, isso não o impede de expressá-los
diante da nobreza holandesa, dizendo: “Eis um de meus novos raciocínios: “Todos sabem que, às vezes, os sentidos nos enganam”. “Suponho, então, que nada do que vemos seja como os sentidos fazem parecer”. Porém, duvidando de tudo, parece-me imediatamente evidente que penso e, se penso, deve existir alguma coisa. “Penso, logo sou, logo existo”. Esta certeza de ser é extraída de mim mesmo". Roberto Rossellini, o diretor, com grande maestria consegue, aqui, traçar de uma maneira pontual toda a trajetória intelecetual do filósofo francês e pai do racionalismo - René Descartes. Desde os seus primeiros estudos - seu amor pela matemática e, principalmente, pela filosófia - o filósofo  é movido pelo desejo que é próprio de todo amante da sabedoria: a busca pela verdade. Criador de um método cientifíco e por difundir uma maneira nova de raciocínio fundamentado, unicamente, na razão, Descartes é considerado com um dos maiores filósofos da humanidade. Espero que tenham gostado. Um abraço e até a próxima...

Veja, também:
Descartes - Vida e Obra
Ser ou Não Ser? - Descartes
Dúvida (2009) - Um filme de John Patrick Shaley

Descartes (1974) - Filme Completo

8 comentários:

  1. Grande Maxwell, como vai?
    Ótimo Post mais uma vez,
    Eu desconhecia a existência desse filme completamente.
    Estamos estudando Descartes esse semestre na Universidade e creio que esse filme pode vir a calhar... Sua dica não poderia ter caído em momento melhor... Já estarei providenciando o download...

    Grande abraço!

    ResponderExcluir
  2. Maxwell me pintou uma dúvida que não encontrei resposta em seu blog, me desculpe a intromissão mas, você é professor de filosofia? história?

    ResponderExcluir
  3. Também não conhecia este filme, fiquei curioso.

    Abraço

    ResponderExcluir
  4. Ola querido amigo,Muito ouvi falar,mas não cheguei á assistir esta obra de arte.Tua resenha sobre,está fora de série.Esta semana estive com meu computador retido para um conserto,e não cheguei a tempo para o encerramento de Bergman;acabei de ler este ótimo trabalho que fizestes agora.Meus Parabéns por tão excelente trabalho,e por tão informativo espaço.Um belo domingo e meu grande abraço.

    ResponderExcluir
  5. Olá, Jefferson. É uma satisfação revê-lo, aqui. Sua presença só ascrescenta cultura,clareza e distinção. Antes de tudo obrigado pelas palavras. Responde a sua resposta. Sou professor de filosofia, sim, da rede pública de ensino em João Pessoa, cidade em moro. Descartes é um dos meios preferidos. Estou trabalhando com Descartes com os alunos do 1ª do ensino de médio. O blogger é uma bela ferramenta que uso, também, em meu trabalho. No mais um abraço...
    ********************************
    Olá, Hugo. Valeu pela visita, irmão. O filme é ótimo. Vale a pena conferir. Um abraço....
    ********************************
    Oi, Suzane. Obrigado, querida, por sua visita. Obrigado pelas palavras. Você, sempre, muito gentil. Um abraço...

    ResponderExcluir
  6. Curiosamente quase comprei esse filme esses dias. Sou um admirador do trabalho de Rossellini, mas tenho q me aprofundar muito nos filósofos. Meu cunhado tb é professor de filosofia e vive me falando isso...hehe
    No mais, mais uma postagem das mais relevantes. Grande Abraço!

    ResponderExcluir
  7. Olá, Celo. É um prazer tê-lo por estas bandas. Rossellini é um dos Grandes. Esse filme é de um grau de intelectualidade exorbitante. Vale a pena conferir. E a respeito do seu cunhando e, então, professor o meu cordial abraço. Até Celo...

    ResponderExcluir
  8. Gostei do teu texto! Muito bacana!

    Escrevi um sobre Descartes, descontraído e informal.

    Legal a tua postagem,! deem também uma olha na nossa em http://nerdwiki.com/2014/01/12/o-discurso-do-metodo-rene-descartes/ Obrigado.

    ResponderExcluir

Fugitivos da caverna comentam, aqui: