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sexta-feira, 20 de julho de 2012

O Olho do Diabo - Um filme de Ingmar Bergman


Do diretor sueco Ingmar Bergman, o filme, O Olho do Diabo (Djävulens öga, 1960), trás em seu elenco principal: Bibi Andrsson no papel da jovem Britt-Marie e Jark Kulle como o grande sedutor - Don Juan. O filme conta a história do surgimento de um terçol no olho do diabo proveniente de um casamento que está preste a ocorrer na Terra. Detalhe: o problema não é o casamento em si, mas o fato da jovem de 20 anos (Britt-Marie) ser, ainda, virgem. O filme que começa com a Sonata K. 380 interpretada ao órgão de Domenico Scarlatti (1685-1757)e com a fala de Gunnar Björnstrand que aparece em momentos intercalados como se estivesse apresentado a história em formato de atos. E antes que se inicie o filme ele diz: "O Inferno é como um cone. No fundo estão os pecadores primários cujos tormentos acabam rapidamente. Novos internos se sobrepõem e perto da Terra está o nosso próprio Inferno construídos por cérebros interessados e pelos maiores puritanos da Cristandade". Dito isto e já no inferno o diabo (Stig Järrel) incomodado com terçol em seu olho resolve chamar os seus principais conselheiros, a saber: o con-
de Armand de Rochefoucauld (Georg Funkquist) e o marquês de Marcopanza (Gunnar Sjöberg). O objetivo é traçar um plano para impedir que a jovem não se case virgem. O mais interessante, aqui, é que o inferno não almeja impedir o casamento, mas sim que ela chegue casta até a noite de núpcias. "O casamento, diz o marquês de Marcopanza, é o alicerce do Inferno". Traçado o plano, Satã vai ao encontro de Don Juan e após despertá-lo dos seus sonhos, rememorações que nunca se concretizam, lhe propõe uma escolha afim de perdoar 300 anos de seu castigo
e acabar com os sonhos em seu sono, ou seja, com esses eternos sofrimentos: ir à Terra e desvirginar a jovem Britt-Marie para que não chegue casta até o dia do casamento. Don Juan aceita a proposta e com ele segue, também, o seu fiel ajudante - Pablo (Sture Lagerwall). Ao chegar a Terra eles conhecem o pastor (Nils Poppe) que os convidam para irem a sua casa jantarem e conhecerem a sua familia: Renata (Gertrud Fridh), a esposa, e Britt-Marie, a jovem virgem. No entanto, além de Don Juan e Pablo o diabo (Ragnar Arvedson) - responsável para que a missão fosse concretizada -, sorrateiramente, transfigura-se em um gato preto e entra na 
casa. Em seguida a familia é toda apresentada e Renata, a esposa, é logo assediada por Pablo que a sós a seduz em palavras dizendo: "Ofereça uma certa resistência se isso lhe agrada ou aumenta o seu prazer. (...) Leio os seus olhos. (...) tudo... tudo impede que você se entregue ao abraço inevitável. (...) Mas há uma macha negra em seu ser, Renata. Uma mancha negra de sensualidade invencível, reprimida há muito tempo. Em seus sonhos, você a dá liberdade total e se entrega ao prazer. (...) Em seus sonhos, você se entrega a um prazer sensual sem amarras até os mais extremos limites da dor e da degradação". Enquanto Pablo vai montando a sua teia e aos poucos vai aprisionando Renata, Dom Juan tenta seduzir a filha do pastor que vive reprimida em seus
desejos tanto quanto a sua mãe. "No fundo do meu coração, diz Britt-Marie a Dom Juan, desejo tal ferida, mas isso não pode acontecer". A conversa é, bruscamente, encerrada com a chegada repentina de Jonas, o seu noivo, que ficou para jantar. A sua saída foi tão rápida quanto a sua chegada. Uma discussão banal com Britt-Marie motivou a sua abrupta saída. A cena é curiosa. Enquanto eles discutiam o diabo apare-
cia entre eles como se tivesse diretamente causando toda aquela balbúrdia. O clima foi ficando cada vez mais tenso e o tempo para as investiduras de Don Juan e do seu fiel ajudante estavam se esvaindo. E foi, assim, que Pablo aproveitou a oportunidade para se esconder no quarto de Renata e continuar com as suas intenções de possui-la amorosamente. Pablo não hesitou e, logo, tocou em seu coração cansado e carente que embriagada pelas palavras dele não pode mais segurar o desejo que a tempo lhe perseguia. Enquanto isso, o diabo irritado por saber que Pablo quebrava o trato, que não lhe garantia direito de possuir mulher alguma, vai ao encontro do pastor e revela a traição de sua mulher. O engraçado disso tudo é que pela 1º vez o diabo estava dizendo a verdade sendo ele o próprio pai da mentira. E indiferente a tudo Pablo comemorava com sucesso o fato já consumado e, por sua vez, o seu mestre, Dom Juan,
vivia um amor platônico por Britt-Marie diferente de tudo o que ele sentiu, ou melhor, do que ele nunca sentiu - o amor em total plenitude. Esse amor impediu que ele ousasse manipular os sentimentos dela e antes de partir ele disse: "Antes, tenho algo para lhe dizer. Eu te amo. Tenha piedade de mim. Eu lhe imploro. Deixe-me por instante acreditar que você tem algum sentimento por mim. Minta para mim. Acreditarei em você". O diretor, Ingmar Bergman, nesta comédia que é uma mescla de riso e dor faz deste filme, O Olho do Diabo, um dos mais interessentes de sua carreira. A dicotomia Céu-Inferno e vida-morte traçam todo o perfil dos personagens. O que se vê é uma conduta moral fundamentada na própria consciências dos indivíduos. Não são as forças celestiais e nem a imposição do poderes infernais que os conduz, senão seus próprios desejos humanos e as escolhas que estes fazem a cada instante. Há uma autonomia vigorosa em cada um deles que, por sua vez, desestabilizam as forças espirituais que tenta a todo tempo tomar as rédeas da natureza humana. No entanto, há uma coisa a qual todos a sua maneira tendem: o amor. O amor que nos libertar de todo impropério. Portanto, espero que tenham gostado e até a nossa próxima postagem. Um abraço...

Veja, também:
Ingmar Bergman (1918-2007)
Crise (1946)
Porto (1948)
Sede de Paixões (1949)
Rumo à Felicidade (1950)
Juventude (1951)
Noites de Circo (1953)
Monika e o Desejo (1953)
Sorrisos de uma Noite de Amor (1955)
O Sétimo Selo (1956)
Morangos Silvestres (1957)
A Fonte da Donzela (1959)
Através de Um Espelho (1961)
Luz de Inverno (1962)
O Silêncio (1963)
Persona (1966)
A Hora do Lobo (1968)
Vergonha (1968)
A Paixão de Ana (1969)
Gritos e Sussurros (1972)

O Olho do Diabo (1960) - Trailer Oficial

4 comentários:

  1. A amizade é o convívio do dia-a-dia.
    Estar juntas nos momentos felizes e nas horas
    difíceis
    compartilhar o sofrimento
    um do outro( outra) dividir momentos de felicidade.
    È a cumplicidade é compriender e acima de tudo
    confortar quando algum de nossos amigos(AMIGAS)
    precisam de uma unica palavra de carinho para fazer seus dias melhores.
    Não podemos chamar de amigo (A) aquele que sem motivos
    se afasta de nós quando mais precisamos de
    uma palavra de carinho .
    Um feliz Dia do amigo .
    Obrigada por um dia ter colocado mu nome
    na sua lista de amigos(AS).
    Que seu final de semana seja feliz
    sua amiga para sempre,Evanir.
    FELIZ DIA DO AMIGO.
    Evanir..

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  2. Meu querido amigo,este é um filme nada simples,que uma pessoa simples possa ver e dar seu simples comentário.Digo isso pois acho que filmes como este tem um contexto tão complexo que vai precisar de uma reflexão mais metódica dentro das respostas mais simples que nós cinéfilos mais usuais possam ter.Digo isso referindo -me á minha própia pessoa.Adorei a visitinha.Grande abraço.

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  3. Grande Maxwell, como vai?
    Me diga uma coisa, aonde você encontra todos esses dvds de Bergman? Você os baixa na net ou compra original?
    Esse filme em destaque confesso que me instigou, quero assisti-lo porem tenho que ver O SÉTIMO SELO primeiro... Grande Abraçoo

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  4. Olá, Evanir. Muito obrigado por sua amável visita. Desejo a você, também, um belo dia do amigo.
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    Olá,Suzane. Realmente Bergman não tão fácil de entender. Mas vale a pena tentar. É um excelente exercício para mente e alma. Um abraço...
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    Oi, Jefferson. Obrigado por sua visita, irmão. Muitos dos devs tenho comprado. Alguns consegui com amigos. O pessoal, aqui, em João Pessoa, pelo menos os que conheço curtem Bergman. Mais a galera de filosofia da UFPB e professores, também. Até a próxima, Jefferson.

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